Teatros Internos

A mentira faz a sua função quando você a conta, não somente enganando aquele a quem é dita, e sim ao que a diz. Há a falsa sensação de que privastes o outro de uma dor, quando na verdade ela volta para você, fazendo-o ser alguém que não és. Ela forja uma máscara para que não vejam a sua verdadeira face. Alguns fazem isso por medo de não serem bons o suficiente, outros para a exaltação pessoal... Seja qual for a razão da mentira, o objetivo é sempre o mesmo: fugir da dor. Quando enganamos alguém, não é a pessoa que queremos proteger, e sim a nós mesmos. Proteger-nos da dor de não sermos aceitos, perdoados, respeitados... amados. Então começamos a construir um personagem, algo fictício que seja mais interessante do que nós mesmos e logo nos entristecemos. Vivemos um teatro onde, sempre ao final do dia, descemos as cortinas e tiramos a maquiagem do que não somos. A mulher que eu escolhi amar me disse: eu prefiro a dor da verdade agora do que a da mentira tardia... Fiquei pensando nisso e percebi que o sofrimento é inevitável, agora o tempo de carregá-lo pode ser escolhido. Quanto mais tempo a mentira existir, maior será a dor quando for desmanchada. Diga a verdade e perceba quais pessoas ao seu redor permanecerão ao lado do ator por trás do personagem. Um Carpinteiro certa vez disse que ele era a Verdade... acreditei nisso quando me amou mesmo estando caracterizado de alguém que não era. Ele sabe que o interessante está nos bastidores e que este deve ser o espetáculo.

Por Alan Klein

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